Mas nenhuma conseguiu me ferir por tanto tempo quanto essa, que já perdura há quase seis anos.
Em casa era o Henrique, para os professores Carlos Carvalho, para os amigos apenas Carlos, para os que os que realmente o conhecia Guns.
Na certidão de nascimento estava escrito Carlos Henrique Carvalho de Souza, e quatorze anos depois da certidão de nascimento ter sido emitida, esse mesmo nome preenchia as linhas de uma certidão de óbito.

Menino alegre, risonho, brincalhão, meio desengonçado pra dançar, mas um exímio conquistador, que era auxiliado por uma beleza singela e cativante.
Um violonista e guitarrista amante da música, que era apaixonado por Avril Lavigne e fã do som dos Guns N’ Roses (por isso o apelido “Guns”). Aquele que deu a idéia da nossa banda se chamar D-Tox, mas depois se arrependeu achando o nome da banda tosco.
Tinha a linda mania de por nomes aos instrumentos, e o meu velho violão laranja que eu já havia comprado usado recebeu o belíssimo nome de “Cabaça” enquanto seu violão era o “Negão” e a guitarra a “Negona”, e foi assim com todos os instrumentos da banda, que por muito tempo trazia adesivado o nome de cada um.
Nos deixou de modo muito inesperado num momento de total irresponsabilidade, talvez nem ele mesmo tivesse ciência de que ato tão singelo de ligar uma tomada descalço com o piso molhado fosse tirar sua vida, e principalmente tirá-los de nós.
Só quem presenciou os dias que se passaram após sua morte, sabe a dor que se pairou sobre todos seus familiares, colegas de escola, amigos, e até meros conhecidos.
Todos que o conhecera, guardam-no na memória com saudade, afinal é uma dor que não passou durante todo esse tempo. Mesmo depois de anos ainda conheci mais pessoas que também sofreram a sua perda e eu sequer conhecia na época (não é mesmo Priscilla?).
De modo particular, oro pela alma dele todos os dias, e fico olhando sua foto pregada no meu guarda roupa, é como se ele sempre estivesse comigo, velando e cuidando de mim. Creio que você não se foi, apenas mudou a forma de estar presente.
Uma das coisas que mais nos uniu foi a música, e depois disso já compus duas canções em sua homenagem e ganhei outro violão, que eu fiz questão que fosse preto pra ela se chamar “Neguinha” e a música continuar nos unindo mesmo que a vida e a morte tenha nos separado.
"E o que separa o frio do calor é a emoção de saber que vou poder te reencontrar um dia."
Menos de Um Segundo - Rosa de Saron
Compositora ♫
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